domingo, 29 de agosto de 2010
Belém
" Cidade das marés vivas
e do vento norte.
Há um poema escrito
em página nenhuma nas
águas dos teus rios.
Há uma lua do avesso,
conjugação de fogo e luz
no teu amanhecer.
Trazes a linha magnética
de minha vida em tuas ruas.
Trazes a chuva, cheiro e
música para os sentidos.
Tudo em ti é partida,
tudo em ti é retorno.
Onde guardo os meus olhos
e minhas mãos..."
( Marina )
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minha cidade --29/08/2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Para o menino dos olhos que brilham
" Ao andar contigo, eu ria à toa,
a música já tinha a nossa respiração.
Como uma cordilheira, a tempestade
sobrevoava a esponja do verde, sem
derramar relâmpagos.
Ao andar contigo, eu me invejava."
( Fabrício Carpinejar )
" Poeta do outono
e das folhas que caem
dentro de mim.
Quando a nova primavera?
Poeta dos cabelos de nuvem
que destravou o meu lado
encoberto de sonhar.
Quando a tua rosa vermelha
florescerá outra vez?
Poeta de delicadezas e
calmarias de vento.
Em tua presença
músicas e segrêdos.
Serenado o coração,
poeta do desolo em mim. "
( Dorotéia Íris -- 2007 )
sábado, 14 de agosto de 2010
As idades de Zenóbia
" Aos dezoito anos, Zenóbia tinha olhos ávidos
e não usava óculos
Os cabelos, de um preto instável, pendiam em
breves ondas sobre os ombros
Seu corpo magro lhe impunha uma fragilidade
que não tinha
Sorria sempre como se escondesse a face sob
as sombras.
Aos trinta e dois anos, Zenóbia tinha ólhos óbvios
e ainda não usava óculos
As maças do rosto, de um rosa rubro, quase que
encobriam o nariz miúdo
Os cabelos, reclusos. Uma linha -- quase-ruga --
trazia à testa um ar de austera brandura
Mas nenhuma dureza no conjunto, nenhum
escuro.
Aos quarenta anos, Zenóbia tinha olhos sóbrios
e passou a usar óculos com aros de tartaruga
Os cabelos, curtos. O risco na testa, agora um
sulco.
Seu vulto era raro. O sorriso esquivo: seu ponto
de fuga
Uma incerta elegância a tomava, quase absurda.
Aos cinquenta e oito anos, Zenóbia tinha olhos sólidos,
sob os óculos de lentes turvas.
No susto da idade aprendeu que ainda era cêdo e
quis experimentar tudo
Nos cabelos plúmbeos, nenhum sinal de pejo
Imune ao peso do mundo, ela parecia não ter culpa
ou medo.
Aos setenta e quatro anos, Zenóbia tinha ólhos estóicos
por detrás dos óculos de hastes curvas
Trazia o cabelo de nuvem rente à nuca. E apesar do luto,
não perdia o lume.
De tudo, mesmo das coisas soturnas, sabia extrair o sumo
Sua vida era o resumo de seu nome. Todos diziam que
não morreria nunca
Aos oitenta e nove anos, Zenóbia parece ter setenta e quatro.
Os olhos, sob as lentes sem aro, estão ilágrimes
Os cabelos, ralos, de um branco insone
Já não há dor ou noite para a sua alma, é claro. Na aura da idade,
já sabe quase tudo
E todos já pensam que ela é um milagre
Ou um sonho "
( MARIA ESTHER MACIEL )
e não usava óculos
Os cabelos, de um preto instável, pendiam em
breves ondas sobre os ombros
Seu corpo magro lhe impunha uma fragilidade
que não tinha
Sorria sempre como se escondesse a face sob
as sombras.
Aos trinta e dois anos, Zenóbia tinha ólhos óbvios
e ainda não usava óculos
As maças do rosto, de um rosa rubro, quase que
encobriam o nariz miúdo
Os cabelos, reclusos. Uma linha -- quase-ruga --
trazia à testa um ar de austera brandura
Mas nenhuma dureza no conjunto, nenhum
escuro.
Aos quarenta anos, Zenóbia tinha olhos sóbrios
e passou a usar óculos com aros de tartaruga
Os cabelos, curtos. O risco na testa, agora um
sulco.
Seu vulto era raro. O sorriso esquivo: seu ponto
de fuga
Uma incerta elegância a tomava, quase absurda.
Aos cinquenta e oito anos, Zenóbia tinha olhos sólidos,
sob os óculos de lentes turvas.
No susto da idade aprendeu que ainda era cêdo e
quis experimentar tudo
Nos cabelos plúmbeos, nenhum sinal de pejo
Imune ao peso do mundo, ela parecia não ter culpa
ou medo.
Aos setenta e quatro anos, Zenóbia tinha ólhos estóicos
por detrás dos óculos de hastes curvas
Trazia o cabelo de nuvem rente à nuca. E apesar do luto,
não perdia o lume.
De tudo, mesmo das coisas soturnas, sabia extrair o sumo
Sua vida era o resumo de seu nome. Todos diziam que
não morreria nunca
Aos oitenta e nove anos, Zenóbia parece ter setenta e quatro.
Os olhos, sob as lentes sem aro, estão ilágrimes
Os cabelos, ralos, de um branco insone
Já não há dor ou noite para a sua alma, é claro. Na aura da idade,
já sabe quase tudo
E todos já pensam que ela é um milagre
Ou um sonho "
( MARIA ESTHER MACIEL )
Elegia
" Há um vestígio mineral
na sua ausência: algo
que sem estar ainda
fica: fatia de cristal
Que não se vê e brilha:
solidez em transparência
elegância de pedra, luz
do que é perda e não
Há um vestígio musical
na sua ausência: algo
que é sigilo e ressonância:
Sintonia de cristais
sílabas de sim no
silêncio do som e do daqui."
( MARIA ESTHER MACIEL -- poeta )
" Quando digo 'linda', é por causa de alguma coisa bacana
que voce me disse ou fez. Mas quando voce fica 'bonita'
é porque o lado de dentro e o lado de fora se encontraram."
( ADRIANA LISBOA )
que voce me disse ou fez. Mas quando voce fica 'bonita'
é porque o lado de dentro e o lado de fora se encontraram."
( ADRIANA LISBOA )
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Adoro a escrita delicada de Adriana Lisboa
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
" Os dias eram contados dentro das pausas da minha voz
e eu poderia fazer qualquer mudança que quisesse
porque toda palavra é sólida e obediente quando se
força que ela renasça.
Sempre uma nova perspectiva por onde os meus olhos
entrassem ou de onde saíssem, outros.
Para os primeiros dias fui eu a única verdadeira razão
imprescindível.
Hoje reconheço palavras no céu azul escuro
e frases se formam antes da chuva.
Água cheia de segredos e ruas atravessando
as épocas.
Pedras cercam muros, furam arcos, sobem torres,
cruzam rios.
Eu, como as pedras que dispõem do tempo,
como as estações a cada ano envolvendo o céu
e a terra
para que uma flor se abra e arda e caia e gele."
(ROSÂNGELA DARWICH -- poeta paraense )
e eu poderia fazer qualquer mudança que quisesse
porque toda palavra é sólida e obediente quando se
força que ela renasça.
Sempre uma nova perspectiva por onde os meus olhos
entrassem ou de onde saíssem, outros.
Para os primeiros dias fui eu a única verdadeira razão
imprescindível.
Hoje reconheço palavras no céu azul escuro
e frases se formam antes da chuva.
Água cheia de segredos e ruas atravessando
as épocas.
Pedras cercam muros, furam arcos, sobem torres,
cruzam rios.
Eu, como as pedras que dispõem do tempo,
como as estações a cada ano envolvendo o céu
e a terra
para que uma flor se abra e arda e caia e gele."
(ROSÂNGELA DARWICH -- poeta paraense )
" Posso te dar uma sala cheia de livros para que
sejas um dentre os meus livros nessa sala tua.
Posso te dar a alma que eleva um poema
e, além dela, um corpo de palavra.
Queres ir de um estado sólido, frígido,
à incandescência da página?
Queres ser o rastro dessas letras fechando
a minha mão?
Serás eternamente o que quer que sejas desde
o início, livre de tempo e destino.
Me verás passando como se ainda sonhasses,
não te surpreenderás comigo."
(ROSÂNGELA DARWICH -- poeta paraense )
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Rakushisha
" Comprei uns papeis de origami hoje, mais cedo.
Nunca tinha me interessado por origami. [...]
Escolhi uma folha azul e fui unindo cuidadosamente
as pontas.
Num certo momento me dei conta de que não
interessava tanto o resultado final, o pássaro. Bom
mesmo era simplesmente estar unindo as pontas
do papel e me empenhando nas dobras.
Talvez nunca chegasse ao Tsuru, por mais simples que fosse aquela
dobradura. Quando eu chegasse ao fim, alguma coisa poderia se perder."
( ADRIANA LISBOA -- trecho do livro Rakushisha )
( O caminho é mais importante que a chegada. Algumas coisas são assim... )
Nunca tinha me interessado por origami. [...]
Escolhi uma folha azul e fui unindo cuidadosamente
as pontas.
Num certo momento me dei conta de que não
interessava tanto o resultado final, o pássaro. Bom
mesmo era simplesmente estar unindo as pontas
do papel e me empenhando nas dobras.
Talvez nunca chegasse ao Tsuru, por mais simples que fosse aquela
dobradura. Quando eu chegasse ao fim, alguma coisa poderia se perder."
( ADRIANA LISBOA -- trecho do livro Rakushisha )
( O caminho é mais importante que a chegada. Algumas coisas são assim... )
O velho amigo
" Eu, que sempre adivinhei
tudo antes de acontecer
estou sofrendo por dores
antecipadas...
Não consigo olhar sem ver
a vida se esvaindo.
Os braços magros antecipam
o adeus.
Meus olhos não vão mais
vê-lo sorrir para mim."
( 28 de Janeiro de 2008 )
( escrevi na data para o meu Pai )
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amor de eternidades
Ao Meu Pai
" O velho amigo vai se despedindo
e nos preparamos para a grande travessia
Cegas de ver o caminhar a passos lentos
Corações sem olhos para o adeus
Dor,,, "
( 19 de agosto de 2007 )
Sinto falta das tuas mãos,
Da tua voz de tenôr
Do teu cheiro
Do teu olhar na minha vida
Te encontro no que sou...
Te amo Pai
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Para sempre meu amor
Brisa
" A gente vai passando de ano em ano
como quem pula os muros dágua,
quem disse que a gente se molha,
a gente aprendeu a ser assim
--plastificada--
e só abre porta para as brisas belas,
a as pessoas amadas,
chuva cruel, tempestade de mágoa,
a gente desvia, se cobre...
E pula sempre os muros d'água,
como quem não quer
se contaminar com a lágrima,
a lágrima a gente pinta,
Pierrot em disfarce.
Como escrevo coisas lindas
sendo assim tão triste?
-- É que aprendi a pular os muros d'água."
( BÁRBARA LIA -- poeta )
Os loucos que eu amo
" Os loucos que eu amo
roubam segredos de estrelas
soprando um vento anis
até desfolhá-la inteira
revelando o papiro da alma.
Os loucos que eu amo
esperam, ouvido colado às colméias,
pelo cio das abelhas e rezam
para que haja mel
daqui a cinco milhões de anos.
Os loucos que eu amo
amam, mais que o visível amor
e vestem a invisível pele
de pétalas desfibradas
das rosas desrezadas."
( BÁRBARA LIA -- poeta )
domingo, 8 de agosto de 2010
No teu deserto
" ...mas o que fomos nós um para o outro:
apenas companheiros ocasionais de viagem
com o tempo contado, com tudo previamente
estabelecido e com prazo de validade previsto
à partida?
Foi só isso, diz-me, foi só isso o nosso encontro?
Não ficou mais nada lá atrás, não deixamos nada
de nós dois no deserto que atravessamos? "
( trecho do livro de Miguel Sousa Tavares --
No Teu Deserto )
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a vida exposta,
mostrando as mãos abertas...
Saudades
" Tu falavas pouco
e essa era uma das coisas
de que eu gostava em ti.
Quando tudo era bonito demais
ou duro demais, tu ficavas calada
a olhar silenciosamente.
Falamos sobre isso uma vez,
e eu disse-te que a vida me tinha
ensinado que fácil era o ruído, as
conversas sem sentido, a banalidade
das palavras ditas sem necessidade
alguma."
( trecho do livro " No Teu Deserto" de
Miguel Sousa Tavares -- escritor
poeta portugues )
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Um pedaço do meu coração ficou por lá...
" Escrever é usar as palavras que se guardaram : se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer.
E, escrevendo, poupei as coisas que gostaria de ter te dito e que gostaria que tivesses ouvido. Cheguei a convencer-me de que bastava escrever-te para tu me ouvires, mesmo que nunca tenha chegado a pôr a carta no correio. Porque era tão sentido e tão magoado, tão distante, o que te dizia nessas cartas, que quase acreditei que tu não podias deixar de me ouvir..."
( Trecho do livro " No Teu Deserto" de MIGUEL SOUSA TAVARES -- escritor Portugues )
" Estava a pensar que há viagens sem regresso. E que nunca mais vou regressar desta viagem..."
( nunca tão fundo, nunca tão longe, tão perdidamente... )
" Meu coração vai estar colado ao teu
Mesmo que o mundo desabe
Que o Sol amanheça mais tarde
Que a Lua não cumpra seu ciclo
Olhei teus olhos nos meus e
estavam rasos d'água
Mesmo que o mundo desabe
Sempre meu coração vai estar colado ao teu "
( que a música do presente
alegre tua vida
adoce teus ouvidos
e abrace o teu coração )
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Para minha irmã
" Ele disse que a amaria o ano inteiro
Entregou-lhe estrela
embrulhada em chita
Alma amolecida feito
calda em pêssego
Sarça em vinho ardente
Estalos de dedos
Um pé de mandrágora legre e roxa
Plantado na porta da frente
Ela agora não detecta mais domingos
Todos os dias viraram
alegria, encantamento."
( Zenilda Lua )
sábado, 7 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
" A cada volta sua
retiro o coração da gaveta empoeirada
ponho o relógio para sonhar
atendo o telefone
guardo o luto
escrevo cartas num céu de pétalas
e até julgo o amor como eterno...
A cada volta sua
acendo as estrelas uma a uma
desembrulho a noite de lua
incentivo o por-de-sol
rego as florestas com assobio doce
separo os livros
capricho na sopa de coentro
e confirmo minha sorte grande
ao lembrar teu sorriso clarim
( agora não mais metálico )
sinto até vntade de cantar
Deixa-me os sonhos teus
para eu brincar com eles de novo
dá-me teus cabelos breu
para enfeitá-lo com as flores azuis
que eu mesma as colhi
( em tempos de insonia e saudades )
descalça, na bruma da aurora
e com a falta tua
costurada no peito... "
( ZENILDA LUA )
retiro o coração da gaveta empoeirada
ponho o relógio para sonhar
atendo o telefone
guardo o luto
escrevo cartas num céu de pétalas
e até julgo o amor como eterno...
A cada volta sua
acendo as estrelas uma a uma
desembrulho a noite de lua
incentivo o por-de-sol
rego as florestas com assobio doce
separo os livros
capricho na sopa de coentro
e confirmo minha sorte grande
ao lembrar teu sorriso clarim
( agora não mais metálico )
sinto até vntade de cantar
Deixa-me os sonhos teus
para eu brincar com eles de novo
dá-me teus cabelos breu
para enfeitá-lo com as flores azuis
que eu mesma as colhi
( em tempos de insonia e saudades )
descalça, na bruma da aurora
e com a falta tua
costurada no peito... "
( ZENILDA LUA )
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DEUSAFLÔ -- Zenilda poeta encantada
Para Elas
" carrego seu coração comigo
eu carrego no meu coração
nunca estou sem ele
onde quer que eu vá, voce vai comigo
e o que quer que faça
eu faço por voce
não temo meu destino
voce é meu destino, meu doce
eu não quero o mundo por mais belo que seja
voce é meu mundo, minha verdade
eis o grande segredo que ninguém sabe
aqui está a raiz da raiz
o broto do broto e o céu do céu
de uma árvore chamada Vida
que cresce mais que a alma pode esperar ou
a mente pode esconder
e esse é o pródigo que mantém as estrelas à distância
eu carrego seu coração comigo
eu carrego no meu coração "
( e. e. cummings )
eu carrego no meu coração
nunca estou sem ele
onde quer que eu vá, voce vai comigo
e o que quer que faça
eu faço por voce
não temo meu destino
voce é meu destino, meu doce
eu não quero o mundo por mais belo que seja
voce é meu mundo, minha verdade
eis o grande segredo que ninguém sabe
aqui está a raiz da raiz
o broto do broto e o céu do céu
de uma árvore chamada Vida
que cresce mais que a alma pode esperar ou
a mente pode esconder
e esse é o pródigo que mantém as estrelas à distância
eu carrego seu coração comigo
eu carrego no meu coração "
( e. e. cummings )
Para Mário
" Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi:
não soube que ias comigo.
Até que tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca
floresceram comigo.
Te amo sem saber como,
nem quando, nem onde;
Assim te amo porque não sei
amar de outra maneira,
Tão perto que se fecham teus olhos
com meu sonho."
( PABLO NERUDA )
As palavras são novas
" As palavras são novas: nascem quando
No ar as projetamos em cristais
De macias ou duras ressonâncias
Somos iguais aos deuses, inventando
Na solidão do mundo estes sinais
Como pontes que arcam as distâncias
( José Saramago )
No ar as projetamos em cristais
De macias ou duras ressonâncias
Somos iguais aos deuses, inventando
Na solidão do mundo estes sinais
Como pontes que arcam as distâncias
( José Saramago )
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
" Que perfume te evoca?
Perfumes eternizam as horas.
Tens perfume de fogo,
aura de labaredas,
alguma coisa de calor que
tento relembrar e tudo se apaga.
Isto acontece quando eu transcendo...
Transcendi nas noites que te vi sorrindo?
A transcendencia anula essa brutalidade
da matéria e inaugura o minuto-instante-hora
grandiosos.
O perfume da poesia, meio almiscarado,
impregnado de maresias e azuis...
Qual o teu perfume?
Ou qual o antídoto
que lavou minha alma,
e retirou a mortalha?
Retirou as ataduras que mumificaram
os meus desejos, [...]
Precisava ainda me desnudar inteira?"
( BÁRBARA LIA -- poeta )
Para Mariana
" Minha menina
Clave de luz
Pele cheirosa
Dar de acordar
o sol bem de
manhanzinha
E quando se cansa
do dia
Chama os vagalumes
para fazer piquenique
na correnteza
da canção leitosa."
( Poema de Zenilda Lua )
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Zenilda Lua flor. Meu coração é teu também.
Conto o que a memória alcança, com paciência.
" Quando olho o amazonas, a memória dispara,
uma voz sai da minha boca, e só paro de falar
na hora que a ave graúda canta.
Maracucauá vai aparecer mais tarde,
penas cinzentas, cor do céu quando escurece.
Canta, dando adeus à claridade.
Aí fico calado, e deixo a noite entrar na vida."
( Milton Hatoum -- Os Órfãos do Eldorado )
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com Milton Hatoum...,
Viajando pelo amazonas
Dia de ser feliz
O dia amanheceu de céu lápis-lázuli.
Dia de ser feliz...
Eu, aqui, tremendo por dentro de vontade
de rever o teu sol , tuas ondas de rio.
Um pedaço das minhas memórias ficaram
em ti, para sempre minha vida em teus braços.
Dia de ser feliz...
Eu, aqui, tremendo por dentro de vontade
de rever o teu sol , tuas ondas de rio.
Um pedaço das minhas memórias ficaram
em ti, para sempre minha vida em teus braços.
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Mosqueiro eternamente amor...
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Escrever
" Escrever
palavras.
Pôr um traço de giz
na noite alta.
Pôr a Lua
na tua
mata de faias, paisagem.
Escrever porque viva,
de passagem.
Recortar silhuetas
de palavras;
desenhar com as letras
coisas bravas
que não podem ser ditas
( nem pensadas ).
Escrever
as chaves.
Só depois
ver o que abrem."
( RENATA PALOTTINI -- poeta )
O Plano
" Não me digas do contorno
quero o que viste por dentro.
Conta-me o avesso, como de
nervos postos à mostra.
Expõe o sangue, à maneira
de que corra livremente.
Se o amparares então
nas tuas vestes mais negras.
Se o amparares então,
que surpresa!
O poeta deve expor-se
como um cão sem suas presas."
( RENATA PALOTTINNI -- do livro Obra Poética )
..........................................................................................................................................................................
A água atravessa a ponte
" O vento mostra a silhueta do vestido
composto de frases
Gotas brincam de roda nos seus lábios
Dançam na fotografia
Revelam pássaros sem asas
O copo vazio espera
O vinho ainda uva
-- A água atravessa a ponte --
O sol em soluços
Na boca um pedaço de silêncio
&
Mais nada "
( JOSÉ GERALDO NERES -- poeta )
composto de frases
Gotas brincam de roda nos seus lábios
Dançam na fotografia
Revelam pássaros sem asas
O copo vazio espera
O vinho ainda uva
-- A água atravessa a ponte --
O sol em soluços
Na boca um pedaço de silêncio
&
Mais nada "
( JOSÉ GERALDO NERES -- poeta )
" Sabem o que descobri?
Que minha alma é feita de água.
Não posso me debruçar tanto.
Senão me entorno e ainda morro vazia,
sem gota.
Porque eu não sou por mim. Existo reflectida,
ardível em paixão. Como a lua:
o que brilho é por luz de outro. A luz desse amante.
Luz dançando na água..."
(trecho do livro O Fio das Missangas -- de MIA COUTO )
Que minha alma é feita de água.
Não posso me debruçar tanto.
Senão me entorno e ainda morro vazia,
sem gota.
Porque eu não sou por mim. Existo reflectida,
ardível em paixão. Como a lua:
o que brilho é por luz de outro. A luz desse amante.
Luz dançando na água..."
(trecho do livro O Fio das Missangas -- de MIA COUTO )
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Escritura poética de encantamentos
" Diz-se que a terde cai.
Diz-se que a noite também cai.
Mas eu encontro o contrário:
a manhã é que cai.
Por um cansaço de luz,
um suicídio da sombra.
Lhe explico. São três os bichos
que o tempo tem: manhã, tarde e noite.
A noite é que tem asas. Mas são asas de
avestruz. Porque a noite as usa fechadas,
ao serviço de nada.
A tarde é a felina criatura. Espreguiçando,
mandriosa, inventadora de sombras.
A manhã, essa, é um caracol, em adolescente
espiral. Sobe pelos muros, desenrodilha-se vagarosa.
E tomba, no desamparo do meio-dia "
( Mia Couto )
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Leituras apaixonantes
Varanda
" O café tinge a xícara
O leite que derramas na xícara
O riso que tens de cabelos molhados
A água fria que espanta a noite
E a angústia das noites
O sol que bate na verde janela
E o vento que sacode a cortina bordada."
( MAX MARTINS -- poeta paraense )
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O leite que derramas na xícara
O riso que tens de cabelos molhados
A água fria que espanta a noite
E a angústia das noites
O sol que bate na verde janela
E o vento que sacode a cortina bordada."
( MAX MARTINS -- poeta paraense )
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