quinta-feira, 7 de maio de 2015
A CASA DAS PALAVRAS
Na casa das palavras, sonhou Helena Villagra,
chegavam os poetas. As palavras, guardadas em
velhos frascos de cristal, esperavam pelos poetas
e se ofereciam, loucas de vontade de ser escolhidas:
elas rogavam aos poetas que as olhassem, as
cheirassem, as tocassem, as provassem.
Os poetas abriam os frascos, provavam palavras
com o dedo e então lambiam os lábios ou fechavam
a cara. Os poetas andavam em busca de palavras
que não conheciam, e também buscavam palavras
que conheciam e tinham perdido.
Na casa das palavras havia uma mesa das cores.
Em grandes travessas as cores eram oferecidas e
cada poeta se servia da cor que estava precisando:
amarelo-sol, azul do mar ou de fumaça,
vermelho-lacre, vermelho-sangue, vermelho-vinho...
( Trecho do livro MULHERES de Eduardo Galeano )
(pg. 168)
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